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... através da Ciência

... através da Ciência

AÇÃO SOCIAL E CULTURAL NO BAIRRO OURO PRETO – BELO HORIZONTE / MG

 

Diante de uma situação social e cultural do terceiro mundo que beira ao desespero se faz, urgentemente, a necessidade de uma ação que promova a cidadania através da inclusão social e cultural do indivíduo. Diante a urgência de tal ação, tomei 2012 como um ano prioritariamente dedicado a esta ação. Todo o resto ficou em segundo plano ou para 2013.

 

AS DUAS FRENTES: A PARTE NOBRE E A PARTE POBRE

1a PARTE - A região nobre do bairro onde moro

A parte baixa do bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte, é o cartão postal da região, onde se situa o Hipermercado Carrefour, as principais lojas, escolas particulares, boutiques, bancos e os melhores bares e restaurantes. Em tese, é onde menos se imagina alguma ação social. Porém, mesmo ocupando uma parte nobre do bairro, sendo uma escola pública, a maior parte dos alunos vem da periferia desse e de outros bairros e a elite econômica vai para as escolas particulares da região. E é nesse ambiente, de escola pública, que a ação se inicia.


Escola Estadual Francisco Menezes Filho

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Padrão de escola pública em Belo Horizonte: espaço restrito para a convivência de alunos e funcionários

Ao procurar a direção da escola para uma atuação de voluntariado por uma ação de divulgação científica, qual foi minha surpresa ao ouvir, do diretor, um incentivo e total apoio a esse tipo de atitude. A escola toda me acolheu com carinho e parceria que eu não esperava. Da direção aos demais funcionários, incluindo professores e coordenadores, uma receptividade motivadora e interessada. Diante de um raro cenário como esse foi elaborado um plano de ação onde a Ciência, representada pela Astronomia, como o carro chefe de tal ação.

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O refeitório onde é servido a merenda e o pátio destinado à recreação dos alunos


Projeto Lunar – Astronomia na escola

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Os monitores, da primeira ação, com o diretor Vamberto (de verde) e o colaborador, João Marcos


Coordenação: Aline Regina Ramos de Almeida

Colaboração: João Marcos de Almeida Pinto

Proposta: levar a Astronomia como atividade extra-curricular objetivando ampliar os horizontes do pensamento e reflexão do aluno assim como aproximar a ciência da sua prática diária.

Período de realização: de março a outubro de 2012, em dois dias consecutivos conforme o calendário lunar e estudantil.

Conteúdo: formação e dinâmica do Sistema Solar, descrição e operação de telescópios, estudo da topografia lunar (Selenografia), utilização de programas de computador aplicados à Astronomia, Meteoritos, localização das principais constelações do semestre e a dinâmica dos movimentos lunares (fases da Lua e eclipses).

Carga horária: para cada grupo de 20 alunos será ministrada uma aula prática acompanhada de conteúdo teórico, referente à aula realizada, com duração de uma hora e meia, correspondendo à dois horários escolares (2o e 3o ou 4o e 5o) atendendo a 80 alunos em dois dias de atividade.

Ao todo, em 2012, serão atendidos até 400 alunos nas sete datas previstas a seguir:

29 e 30 de março (quinta e sexta) - turma 305;

02 e 03 de maio (quarta e quinta) - turmas 304 e 207;

30 de maio (terça) - turma ES2B;

27 e 28 de junho (quarta e quinta) - turmas 206 e ES2A;

24 e 27 de agosto (sexta e segunda) - turmas 109 e 111;

24 e 25 de setembro (segunda e terça) - turmas 108 e 110;

23 e 24 de outubro (terça e quarta) - EJAs;

fases da Lua em: http://www.astronomia.org/2012/fasesluna.pt.html

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O local escolhido para abrigar as observações: palco para novas descobertas de novos mundos.

 

Material utilizado (gentilmente cedido pelo Observatório Vaz Tolentino):

Telescópio refrator de 102mm em montagem AZ3; Luneta de 60mm em montagem azimutal;

02 Binóculos 7X50; Mapa Lunar impresso (Lunar Chart);

Astronomia, um guia ilustrado, Ian Ritpad; Planisfério; Periódicos em astronomia;

Oculares de 6 a 26mm, com Barlow;

 

Além da proposta mencionada acima, objetiva-se ainda:

1 – fomentar a formação de grupos ou clubes de ciência na região;

2 – formar novos observadores (a ciência como fruto da observação);

3 – dar apoio ao conteúdo pedagógico às disciplinas de Física, Matemática e Química;

4 – ser canal de divulgação de eventos ligados à divulgação científica;

5 – inscrever a escola na OBA (Olimpíada brasileira de Astronomia) ver comentário;

 

Primeira atividade do ano

Nos dias 29 e 30 de março de 2012 se deu a primeira atividade onde pôde se colocar em prática as propostas acima. Foram reunidos 4 alunos do terceiro ano do ensino médio para atuarem como monitores das atividades previstas e foi preparado um material para ser exibido em projetor tipo Data Show com auxílio de um notebook, sendo todo esse material pertencente à própria escola. Foi escolhido uma lugar especial, com uma mesa, para ser o observatório da escola como palco de um mar de descobertas de outros mundos revelados à luz da ciência.

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Os monitores Carlos, Iandra, Estephanie e Hernann: aprendizagem científica pela prática da Astronomia

A receptividade dos alunos foi acima do esperado diante de uma atuação inédita na escola. Enfim, uma sinergia, uma empatia, algo mágico que nos revela que, apesar de tudo, há um caminho a seguir.

 

Próximos passos

Estando a escola já cadastrada na OBA, participará das provas a serem realizadas no próximo dia 11 de maio. Em especial, o aluno J. S. G. R., do primeiro ano do ensino médio, está tendo aulas de reforço, semanalmente, para aproveitar o momento e ganhar mais informações no ambiente da astronomia (ver comentário).

O laboratório de informática está com 20 novos computadores e no dia 24 próximo tudo será montado e com seus respectivos programas instalados (ambiente Linux), teremos mais essa ferramenta a serviço da ciência e, pelo visto, o laboratório será o ponto central de toda atividade de divulgação científica e cultural na escola.

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A biblioteca: a escolha dos livros certos pode ser decisiva para o aprendizado

Já está sendo idealizada a feira de ciências, para o ano de 2013, que irá atingir todas as séries escolares, em todas as disciplinas inclusive Português, Biologia e História, tradicionalmente excluídas do processo de ensino da Astronomia.

 

 

2a PARTE– a região pobre do bairro onde moro

Pela letra de uma canção da Legião Urbana, já dizia-se “nas favelas, no senado, sujeira pra todo lado...” e é nesse ambiente que começo a triste descrição dos fatos a seguir.

É nessa região mais pobre onde moro. É um lugar socialmente vulnerável, culturalmente destituído de qualquer formação mínima. Com muros de mais de três metros de altura para proteger dos tiroteios que assolam a comunidade e com o tráfico de drogas que faz, do meu portão, um de seus pontos de venda, venho sobrevivendo entre o caos e o desespero. É como lágrima que não seca, como hemorragia que não mata, mas judia.

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A vulnerabilidade social de uma favela: as novas senzalas do mundo contemporãneo

Ao expor para algumas das principais lideranças da comunidade a necessidade de uma ação social que pudesse resgatar a cidadania e algum valor moral mínimo, institucional, para esses favelados e desvalidos, não tive receptividade alguma. É como se todos estivessem surdos. A ignorância de ignorar.

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Falta de saneamento básico, moradias em áreas de risco, desemprego, exclusão social e cultural de toda espécie, baixa estima, presença constante e homicida do Crack, abandono das autoridades e descaso da sociedade, são alguns dos elementos básicos que mostram a base da injustiça social que assola a nação por séculos sem fim. Temos aqui o típico exemplo de um Brasil desgraçado.

A isso se soma um comércio que não se desenvolve por causa da violência e assaltos constantes, depredação de ônibus do transporte coletivo, a ausência de um centro cultural, falta de políticas públicas para a região e, principalmente, a falta de compaixão com a dor do outro.

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A isso tudo, encerro com um trecho de uma outra canção da Legião Urbana que diz:

 “...e nossa estória não estará pelo avesso assim, sem final feliz, teremos coisas bonitas pra contar. E até lá vamos viver, temos muitas coisas por fazer, não olhes pra trás, apenas começamos, O mundo começa agora, ahhhh, apenas começamos.”

 Um grande e carinhoso abraço a todos.